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Engenheiro é preso acusado de racismo em São Paulo

Um engenheiro de 59 anos foi preso ontem (06/10) em flagrante, acusado de ofender com frases racistas o segurança de uma escola de ensino infantil na zona sul de São Paulo.
Alexandre Semenoff, morador do Campo Belo, foi indiciado sob suspeita de injúria racial, cuja pena varia de um a três anos de reclusão. O engenheiro passaria a noite na cadeia. Ele tentará obter hoje na Justiça liberdade provisória.
Segundo o segurança Délcio Gonçalves, 53, e duas testemunhas que o acompanharam até a delegacia, Semenoff começou a xingar funcionários da escola particular Núcleo Querubim no final da manhã de ontem. O engenheiro é vizinho do colégio e frequentemente reclama do barulho das crianças.
Minutos depois, Semenoff saiu para passear com seu cão e passou em frente à escola. "Aí ele xingou de novo. Perguntei qual era o problema e ele disse: "Sai daqui porque com preto eu não converso'", disse o segurança, segundo o qual ofensas do engenheiro são frequentes.
Funcionários da escola chamaram a polícia. O soldado Daniel Gonzaga Costa, 37, negro, formado em letras, pós-graduando de história da África e conhecedor da legislação sobre racismo, resolveu levar Semenoff à delegacia.
"É lamentável que em pleno século 21 ainda ocorra esse tipo de situação", afirmou Costa.O advogado do engenheiro, Leonardo Watermann, disse que, segundo seu cliente, "foi tudo um mal-entendido".

Flagrante raro

Ex-secretário da Justiça de São Paulo e coordenador da ONG Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades, Hedio Silva Jr. diz que flagrantes de casos de racismo são muito raros. "A polícia agiu bem", afirmou ele.
Como o caso de ontem é de crime de injúria racial --e não de crime de racismo, que envolve, por exemplo, deixar de contratar ou despedir alguém por causa de sua cor--, cabe agora ao segurança decidir se abre ações criminal e civil contra o acusado.