Ads 468x60px

Mano Brown na capa da revista Rolling Stone

"Ô zica, a fita é a seguinte: entra na praça à direita, depois pega a primeira à esquerda e, por último, à direita de novo. Tem de fazer um 'Z'. Vamos decidir a parada hoje. Qualquer coisa, me liga." O roteiro chega pelo celular. É noite abafada, começo de novembro, quando deixo a porta da Escola de Samba Pérola Negra, na Vila Madalena, em São Paulo, reduto contemporâneo da boemia paulistana, rumo a um bairro vizinho. Da outra ponta da linha chega mais uma senha: "É pique rua de periferia, tem casinhas humildes". Nos quase dez minutos para percorrer as ruas da área oeste de São Paulo, um flashback: a conversa cara a cara prestes a começar, na verdade, era o desfecho de um debate iniciado três anos antes.Ao apontar na "rua estilo periferia", encravada no bairro classe média, ninguém à espera. Chamo ao telefone e, em segundos, percebo pelo retrovisor surgir alguém vestido com uma camisa Adidas vermelha da seleção da Turquia, nº 17 às costas, calça jeans e tênis Nike. Sorrisão na cara, cabelo raspado, com um risco à la Mike Tyson, o homem pardo à porta é Pedro Paulo Soares Pereira, um dos mais intrigantes e importantes artistas da música brasileira ao longo das últimas duas décadas, dono de versos cujos ecos estão impregnados em todo o Brasil. O aperto de mãos é acompanhado do cumprimento com origem no candomblé, ombro a ombro. Pedro Paulo convida para entrar na casa dos seus amigos, onde ouve um som.A voz de Jorge, então somente Ben, domina o ambiente. Vem de um computador. Ele canta "Lorraine" acompanhado de Tim Maia na gravação de um show em 1981. Pedro Paulo vibra, mas os acompanha discretamente. "Os dois são referências pra mim", reverencia. Ele teve o sonho, mas não conseguiu gravar com Tim. Nem com Wilson Simonal, outro ídolo. Mas tem orgulho de já ter dividido o palco com Jorge. Quando a música para, rompo o breve silêncio para perguntar se ele está mesmo decidido a falar e a finalmente aparecer sozinho na capa da Rolling Stone. "É a hora! Tenho coisas para falar. Querem me ouvir, vou falar."


Pedro Paulo se tornará quarentão em abril próximo. "Estou virando um tiozinho, mano." Antes de bater nos quatro ponto zero, ele surpreenderá novamente quem o escuta desde 1988, quando tinha 18 anos e entrou nos ouvidos de muitos brasileiros - por amor ou por ódio - com suas rimas. Pedro Paulo é Mano Brown, a mais importante, influente e respeitada personalidade do rap brasileiro, o piloto dos Racionais MC's, uma das vozes das periferias do país - posição rejeitada por ele, mesmo depois de ter guiado o único grupo nacional de rap capaz de vender 1,5 milhão de discos oficialmente no Brasil até hoje (sem contar outros cerca de quatro milhões na conta da pirataria). Mas aquele Mano Brown conhecido pelo Brasil "estava condenado a virar estátua, sem utilidade", como ele mesmo diz, na sua autodefinição."O Racionais parece ter uma cartilha a seguir e não fomos nós que a escrevemos. Foi a opinião pública. Somos reféns das palavras, mas não posso ser refém de nada, nem do rap. Vamos quebrar. Aquele Mano Brown virou sistema viciado, uma estátua óbvia demais. Pergunta tal coisa que ele vai responder tal coisa. Eu estava mapeado e rastreado", constata. Para registrar parte desta nova fase, foram quatro encontros e cerca de 15 horas de conversas mantidas ao longo de 11 dias do mês de novembro último, incluindo uma sessão de fotos - colada em uma outra sessão para ouvir algumas das novas músicas, ainda inéditas. Neste bonde estão o músico com formação clássica e compositor William Magalhães, filho do lendário Oberdan Magalhães, alma da fábrica de samba-soul-funk Banda Black Rio, e o rapper Marcos Dias Carneiro, o Dom Pixote, a quem Brown vez ou outra chama de Fiote. Antes de ter sido assassinado em alguma rua da Babilônia paulistana, o irmão mais velho de Dom Pixote o ensinou a ouvir Racionais. Para Brown, o talento de Pixote no rap é a vingança do irmão de sangue.Cinco dias após o encontro no lado oeste, Mano Brown chega à casa da veterana fotógrafa inglesa naturalizada brasileira Maureen Bisilliat, no coração dos Jardins, bairro elitizado paulistano. Está a bordo de um Audi A3 preto. No bolso, uma onipresente escova de dentes.Ele e a dona da casa se admiram. "Ela tem uma mente mil grau", diz. Sempre quando atraca por lá, faz questão de já saltar do carro e ir direto apertar as mãos dos trabalhadores da rua, os manobristas, os seguranças, os porteiros. "Gente que serve os bacanas" e gosta de sua música e de seu jeito.Na cadeira de balanço da sala repleta de fotografias e peças de arte do Xingu, o rapper tenta organizar os pensamentos, milhares e difusos. "Tenho tanta coisa para falar, meu Deus do céu." Está de regata branca, tatuagens à mostra. Do antebraço esquerdo salta um mapa do continente africano. Do braço direito, uma cruz onde se lê "Provérbios 15-16-17". Ele já foi do candomblé e frequentou igrejas evangélicas. Hoje, diz não ter mais credo. Levanta, vai até o cinzeiro, apaga o cigarro. "Sou contra a religião. Porque virou empresa. Deus está nas pequenas coisas." A cruz na pele é a mesma estampada na capa do disco Sobrevivendo no Inferno, marco de 1998.
By Rolling Stone

O Estado brasileiro continua matando muito

A juíza Kenarik Boujikian Felippe conta, nesta entrevista exclusiva para Caros Amigos, o que acontece nas entranhas do judiciário criminal e do sistema carcerário, onde a discriminação contra os pobres, contra os negros e contra as mulheres, expressa a constante violação de direitos consagrados na atualidade.

Para ela, todos os métodos de tortura utilizados no período da Ditadura Militar continuam a existir hoje, dentro e fora das delegacias e das prisões: “Essa é uma questão relevante para a construção do Estado democrático de direito que ainda não está construído no Brasil. Enquanto nós não resolvermos essa questão do período da repressão, nós não vamos conseguir caminhar para outra situação de dignidade de todas as pessoas”.

Fundadora e ex-presidente da Associação dos Juízes para a Democracia (AJD), militante de ONG que atua com mulheres encarceradas, Kenarik tem sido importante referência na luta pelos direitos humanos no Brasil. Casada, mãe de três fi lhos – Marcelo, Mariana e Isabel – ela denuncia aqui os entulhos autoritários que ainda estão sendo mantidos pelo atual regime, inclusive pelo Judiciário. Vale a pena ler.

Hamilton Octavio de Souza - Fale um pouco da sua vida, onde você nasceu, estudou, morou, sobre sua família, seus pais, até você se tornar juíza.
Kenarik Boujikian Felippe - Eu não nasci no Brasil, vim para o Brasil com 3 anos. Nasci em uma aldeia de armênios que fi ca na Síria. Então, meu documento de naturalidade é da Síria. Eu vim para o Brasil com 3 anos, morei aqui em São Paulo até uns 10 anos, e fui morar no interior em razão do trabalho do meu pai, que era comerciante em São José do Rio Preto. Depois nós voltamos para São Paulo e só saí no tempo em que eu entrei na magistratura, quando obrigatoriamente começa a carreira em outras cidades. Fui para Piracicaba, morei pouco tempo lá, mas a minha vida é basicamente em São Paulo.

Tatiana Merlino - Por que seus pais vieram para o Brasil?
Bom, tem duas versões. Uma é a questão que se fala muito, que é a questão do sonho da América, a possibilidade de dar outro tipo de vida para os filhos. A outra, é que supostamente meu pai fazia parte de algum movimento de independência. Ao contrário da minha família, que plantava, ele trabalhava com construção, ele e meu avô. Achavam que ele eventualmente sabia onde poderia ter armas guardadas na igreja, porque ele trabalhava com construção.

Hamilton Octavio de Souza – Havia uma perseguição forte aos armênios.
Sim, e eu acho que talvez também a minha história com os movimentos de direitos humanos deve ter algum link aí com a questão dos genocídios dos armênios, o primeiro genocídio do século.

Tatiana Merlino – Seu pai nunca confirmou qual era a versão verdadeira?
Meu pai morreu muito cedo, ele tinha 49 anos (quando morreu), eu tinha 15, 16 anos na época, então, ele nunca falou. Eles falavam mais da versão da América. Ele nunca me confirmou efetivamente sobre isso, quem falou sobre isso foi minha mãe. Eu estudei, aqui em São Paulo, um tempo na escola Armênia, logo que eu vim para o Brasil. Depois, quando eu fui para o interior, fui estudar em um colégio estadual, em São José do Rio Preto. Depois voltei, circulei por algumas escolas e acabei me formando em magistério no colégio Santa Inês, que é um colégio salesiano, no Bom Retiro, bairro onde eu morei quando cheguei ao Brasil e onde minha mãe mora até hoje. Depois eu fui fazer faculdade de Direito. Eu tinha dúvidas do que queria fazer. Queria fazer Jornalismo e Direito, antes tinha uma outra opção que passava pela cabeça, que eram Ciências Sociais.

Tatiana Merlino - Você tem algum professor que tenha te inspirado, alguém que atuasse na área de direitos humanos?
Nesse aspecto é o professor (José Gaspar Gonzaga) Francesquini, que acho que até hoje dá aula lá na PUC-SP. Ele dava aula de Direito Civil, era uma pessoa extremamente sensível e fui trabalhar com questão carcerária graças a ele. Ele, na época, era juiz da Vara de Execuções Criminais, e perguntou se os alunos não queriam ser voluntários para realizar um trabalho, pois havia um caos absoluto na questão da assistência judiciária dos presídios. Acho que só eu aceitei e fui ser voluntária. Um pouco do que me inspirou foi a postura dele, uma grande pessoa, uma grande figura humana, um grande juiz da Vara Execuções Criminais, um dos mais conhecidos e respeitados Para mim, a ligação com o professor Francesquini vem muito da oportunidade que ele me deu de conhecer essa outra realidade do sistema carcerário. Isso pra mim foi um ganho gigantesco na minha vida.

Hamilton Octavio de Souza - Como foi essa experiência?
Primeiro é conhecer que existe esse mundo, porque na faculdade de direito você não consegue imaginar nada do que acontece, o que significa aquilo em termos práticos, de processo. E aí pôr o pé dentro do sistema é um choque em um primeiro momento. É algo inesperado, o cheiro é inesperado, tudo é diferente. As pessoas não sabem o que significa passar um dia dentro de uma prisão. E pra mim foi importante conhecer também a falta de estrutura do sistema de justiça em relação a esses que são os mais vulneráveis na minha concepção. Então, esse tipo de trabalho, de você pelo menos ouvir a pessoa e ir atrás para ver se pode fazer alguma coisa, para mim foi uma lição de vida, e, em termos técnicos, evidentemente também. Meu trabalho era voluntária na área de Direito.

Lúcia Rodrigues - Você chegou a advogar profissionalmente?
Sim, advoguei. Antes de ser juíza, fui procuradora do Estado, trabalhei na assistência judiciária, em 88. Em 87, eu fui advogada da FUNAP, onde eu fiz o estágio de direito nas penitenciárias.

Tatiana Merlino - Você tem uma militância na área de Direitos Humanos, faz parte de uma ONG de questão carcerária de mulheres, pode falar sobre isso?
Você está se referindo ao Grupo de Estudo e Trabalho - Mulheres Encarceradas. Eu faço parte desse grupo que é uma rede, e trabalho na rede em razão de pertencer à Associação Juízes para a Democracia. Agora eu tenho uma militância, mas a militância não me tira uma atuação de Direitos Humanos como juíza, não me tira das relações da vida. Você pode ter a militância, mas a questão dos Direitos Humanos é uma coisa global, não é só de uma atividade ou uma coisa direcionada.

Otávio Nagoya - Você acha que o Estado trata diferente os direitos do homem e da mulher presa?
Trata completamente diferente. Um exemplo bem gritante, claro e incontestável é a questão da visita íntima. Os homens tinham há décadas aqui, em São Paulo, e as mulheres não tinham o direito de receber os seus companheiros, amigos. Esse grupo surgiu em uma conversa após uma palestra na OAB para discutir sistema carcerário, e no final eu falei que o Estado tratava diferente as presas dos presos. E aí um grupo de pessoas que eu já conhecia começou a conversar mais sobre isso. Foi quando surgiu o grupo. A gente começou a trabalhar com esse tema, o encarceramento feminino no Brasil, que assim como nos demais países tem um índice pequeno de participação em termos de população carcerária. A taxa de mulheres presas no Brasil é de mais ou menos 6%. Por outro lado, a gente vê que está acontecendo um fenômeno mundial de aumento do número de mulheres presas em razão, basicamente, de envolvimento com tráfico de entorpecentes. No Brasil nós temos um problema de dados. Hoje, o Ministério da Justiça faz um recorte de gênero, mas há uns cinco anos atrás não tinha. Não tem como ter políticas públicas se não se conhece nem qual é o seu mundo de trabalho, qual o percentual.... Eu acho que a mulher é sempre penalizada, seja presa, seja companheira de um preso, porque, se é ela que vai visitar, passa pela revista vexatória. Em dia de visita elas estão lá, não abandonam os companheiros. Mas vai em uma fila de um dia de visita em uma penitenciária feminina, não tem muito homem, são poucos. Tem mais
a irmã, a mãe que leva os filhos... Na penitenciária masculina tem uma fila gigantesca de mulheres. Elas são muito abandonadas pelos homens. Nós tivemos aqui várias campanhas, inclusive estaduais, para mulheres, teve o mutirão ginecológico, e as mulheres presas nem entraram na história. É um plano para todas as mulheres do Estado, e as presas não entraram, é como se elas não existissem.

Hamilton Octavio de Souza - Elas são 6% do total da população do total de presos. É isso? E em números absolutos, quanto representam?
Hoje nós temos uma população aproximada de 450 mil presos. Acho que dá mais ou menos 25 mil se não me engano, alguma coisa assim, 30 mil.

Hamilton Octavio de Souza - Qual é o perfil dessa mulher?
Jovem. A maioria tem filhos, assume a chefia de família... Todas praticamente são pobres. O percentual de mulheres negras presas é um pouco maior do que as negras fora muro. Muitas trabalham, e quando trabalham dentro do sistema, esse é um dado de uma pesquisa que eu acho muito curioso, ela pode fazer o que quiser com o seu dinheiro. Mas eu perguntei: “o que vocês fazem com o dinheiro?”. A maioria das mulheres respondeu: “A gente reverte para a família”. E o que os homens fazem? “Ah,eu gasto comigo”.

Hamilton Octavio de Souza - No processo judicial, há discriminação? Existe algum momento em que a justiça trata de forma desigual a mulher e o homem?
Eu não conheço nenhum trabalho que tenha dito efetivamente isso, mas todo mundo que é da área de Direito fala que as mulheres são tratadas com um rigor maior. Existem algumas consequências práticas da falta dessas políticas públicas. Por exemplo, quem está em cadeia pública, provavelmente não vai ter uma defensoria pública quando fizer seus pedidos. Se o maior número de mulheres do Estado estão em uma cadeia pública, evidentemente ela vai ter menos estrutura para cuidar dos seus direitos.

Júlio Delmanto - Mas no caso da visita das mulheres, da revista, a forma como é feita não é ilegal na verdade? Tem aquele procedimento do banquinho.
Eu acho, eu acho que sim. É, existem outros procedimentos, esse do banquinho... Tem lugares que são terríveis. Por exemplo, uma juíza me falou que ela baixou uma portaria não permitindo mais revista vexatória, por conta do caso de uma mulher que era muito obesa e disse: “eu quero visitar meu marido, mas eu não consigo mais passar por essa situação toda vez que eu vou visitá-lo”. Ela relatou para a juíza como que era a revista e disse: “nenhum homem tinha me tocado, só o meu marido, e chegando lá eu tenho que passar por essa situação...”. A juíza constatou que eles usavam luva de pedreiro pra fazer a revista. Não se pode considerar isso uma coisa normal, rotineira. É ilegal, é desumano, fere todas as convenções, fere a nossa Constituição.

Hamilton Octavio de Souza - A quem compete fiscalizar ou alterar esse tipo de situação?
Bem, primeiro a obrigação é do Executivo, e ele não implementou de forma correta. É de responsabilidade dos governos estaduais, mas se não for respeitado é o Judiciário que tem que garantir. Por exemplo, aquela juíza, naquele caso concreto da revista vexatória, baixou uma portaria para a secretaria.

Lúcia Rodrigues - Em relação a essas violações que acontecem cotidianamente dentro dos presídios, das cadeias públicas, tem outra questão também que é a tortura. Como é que você vê esses casos? São recorrentes? Como é que chega essa questão para você?
Quem trata da execução do processo aqui em São Paulo é um outro juiz, que é o juiz da Vara de Execução. Agora, nós sabemos que a tortura ocorre no país não só dentro do sistema prisional como fora. E é impressionante. Teve um processo de tortura faz alguns anos, e na época, por uma questão de estudo, só por isso, eu quis fazer um levantamento lá no Fórum para saber dos processos de tortura. Eu fiquei chocada com os números. A gente sabe que o número é pequeno, que não se pune, que não se apura, todo mundo sabe, mas na hora que você vê os números, eu falei: “Mas não é possível, nós estamos aqui em São Paulo”. A lei de tortura já tinha cinco anos (a lei é de 1997) de existência, mas não havia nem cinquenta processos. Isso é nada, eu recebo muito mais processos por mês do que esses cinquenta. Não há registro dos casos, não há apuração
dos casos, não há estrutura para as pessoas que fazem esse tipo de denúncia. A questão da tortura é uma questão mal resolvida.

Lúcia Rodrigues - A não punição dos torturadores da ditadura militar implica na perpetuação da tortura hoje.
Todos os métodos utilizados no período da repressão são exatamente os mesmos métodos utilizados hoje, e essa é uma questão relevante para a construção do Estado democrático de Direito que ainda não está construído no Brasil. Enquanto nós não resolvermos essa questão do período da repressão, nós não vamos conseguir caminhar para outra situação de dignidade de todas as pessoas. Tem uma pesquisa que eu acho muito interessante, que foi feita em vários países por uma pesquisadora americana. Ela fez um levantamento em vários países que passaram por períodos autoritários. Nos países em que os crimes praticados durante esse período autoritário foram apurados, os crimes de violação aos direitos humanos diminuíram. Então eu acho que essa pesquisa diz, com todas as letras, não só para o passado, mas como para o presente e para o futuro, que isso tem que ser resolvido.

Lúcia Rodrigues - Por isso a importância da ADPF, que está querendo fazer uma leitura sobre a Lei de Anistia, que não tem crime conexo entre torturador e preso político, não dá para ter essa conexão de crimes. Essa conexão é uma interpretação errônea, não é?
Sim. A ADPF foi proposta pela OAB.

Hamilton Octavio de Souza - O que é ADPF?
Ação declaratória de preceito fundamental. Significa que alguém quer que o Supremo faça uma leitura de algum preceito constitucional à luz da Constituição.

Hamilton Octavio de Souza – Uma interpretação?
É. É um instituto relativamente novo, nós não temos um número grande deste tipo de ação no Supremo Tribunal Federal. A ordem entrou com essa ação e a AJD entrou com um pedido de amicus curia, é um instituto que permite que o ingresso no processo para ajudar a corte fornecendo elementos. Agora, a opção da AJD pelo ingresso não é um método de trabalho, nós não temos essa política, essa é uma ação excepcionalíssima. A gente só ingressou pelo que representa a ação em termos de democracia para o país. Será um marco, em termos do Estado, admitir através de um de seus poderes, que é o poder Judiciário, que aqueles indivíduos que praticaram atos inumanos no período de repressão não são beneficiados pela Lei de Anistia. É um marco para a democracia. O processo teve início em 2008, está na Procuradoria Geral da República desde fevereiro
deste ano e existe expectativa que, agora em outubro, o procurador dê, enfim, o seu parecer e devolva o processo para o Supremo Tribunal Federal, para que ele possa decidir.

Lúcia Rodrigues - Eu queria que você explicasse o que é o crime conexo. Por que não é considerado um crime conexo quem tortura e quem participou da resistência à Ditadura militar?
Quando da lei da anistia, o artigo 1º fala em crimes políticos e conexos. E eu não sei por qual motivo, exatamente. Eu não consigo detectar, isso ficou adormecido e parado, sem muitas ações na época para se questionar isso. Recentemente, o STF deu uma decisão que eu considero muito importante, que é do caso da extradição do Manoel Cordeiro. A extradição foi pedida pela Argentina e pelo Uruguai. Ele era um torturador da chefia da operação Condor. Nesse caso específico, o tribunal declarou que os atos praticados por esse indivíduo, no âmbito da operação Condor, não poderiam ser caracterizados como crime político. Então nós já temos um passo significativo e toda jurisprudência do Supremo. Aí resta a questão do crime conexo, e esse é o objetivo da ADPF, que pede que o STF diga que esses crimes praticados pelos torturadores, assassinos, não são conexos com os crimes políticos. Não existe nenhuma relação de espécie nenhuma, de motivação entre a tortura e os atos e crimes que foram praticados com determinada motivação.

Hamilton Octavio de Souza - Qual é a situação do Brasil em relação aos outros países da América Latina?
É importante dizer que existe uma expectativa desse caso não só em relação aos brasileiros, ao povo brasileiro, mas existe na ordem regional, na América Latina, todos os outros países estão tomando suas ações para não deixar impune o que aconteceu nas ditaduras. Em todos os países isso está sendo enfrentado pelo poder Judiciário, muitas vezes, por outros poderes, o Legislativo, o Executivo. No Brasil eu não vejo o Legislativo tendo uma atuação nesse aspecto, não vejo o Executivo fazendo alguma
coisa de mais concreto em relação a isso.
Lúcia Rodrigues - Por que o governo Lula não faz nada de mais concreto, se é um governo teoricamente de esquerda? E tem um ministro dos Direitos Humanos que foi torturado, inclusive.
Eu não sei se o governo Lula é um governo de esquerda. Eu não concordo quando se diz que é um governo de esquerda, e nem sei se até é teoricamente. Ele foi eleito por uma base grande de esquerda, isso sim, mas ele não é um governo exatamente de esquerda. Tanto que, em termos de Executivo, o que é que foi feito em relação a essa matéria? Ele tem que assumir, ele é o presidente, foi ele quem recebeu milhões de votos. Como é que ele não assume uma coisa dessas? Deixa cada ministério falar o que acham sobre esse tema. Então, nesse processo nós temos essa tensão dentro do governo. E tensão eu acho que pode existir, mas tem que ter alguém que diga se é A ou B. Alguém tem que dizer isso. Quem seria? Só pode ser o presidente.
fonte:Caros Amigos
Por Hamilton Octavio de Souza, Júlio Delmanto, Lúcia Rodrigues, Otávio Nagoya e Tatiana Merlino

Crimes de Maio de 2006

À População Brasileira e Internacional de forma ampla, geral e irrestrita à Presidência da República do Brasil, na pessoa do Presidente Sr. Luís Inácio Lula da Silva à Casa Civil, na pessoa da Ministra Sra. Dilma Roussef ao Ministério da Justiça, na pessoa do Ministro Sr. Tarso Genro e à Secretaria Especial de Direitos Humanos, na pessoa do Secretário Sr. Paulo Vanucchi

ATÉ QUANDO O ESTADO CONTINUARÁ TORTURANDO E MATANDO?

ATÉ QUANDO A POPULAÇÃO VAI TOLERAR EM SILÊNCIO?

“De aqui, de dentro da guerra, qualquer tropeço é motivo. A morte te olha nos olhos. Te chama, te atrai, te cobiça. De aqui, de dentro da guerra, não tem DIU nem camisinha que te proteja da estúpida reprodução da fome, da miséria, da ínfima estrutura que abafa o cantar das favelas: antigas senzalas modernas. Cemitério Geral das pessoas.”
Poeta Dinha, Parque Bristol, Periferia-SP

Se levarmos a sério tudo aquilo que o conceito de “democracia” promete, o Brasil obviamente nunca concluiu sua “transição democrática”. Muito pelo contrário. Quem vive nas favelas e comunidades periféricas do país, sabe na pele o quê isso significa. Vivemos num país cada vez mais dividido por um abismo entre duas classes de pessoas: aquelas que são consideradas “seres humanos portadores de direitos” porque têm mais dinheiro e, via de regra, tem a pele mais clara; e aquelas “pessoas que não são consideradas sequer seres humanos”, tratadas como bicho por terem a cor da pele quase sempre mais escura, não terem dinheiro e. quando muito, terem um emprego precário, podendo desse modo serem descartadas e massacradas pelo sistema que, sob sua lógica, as pode substituir com facilidade. A essa imensa maioria das pessoas, até para que elas permaneçam sendo exploradas ao máximo, é aplicado o Terror.

Um Terror cotidiano que tem na falta de condições mínimas para uma vida digna, por um lado e, por outro, no poder repressivo da polícia e de agentes paramilitares ligados ao estado, duas faces da mesma moeda da opressão. Uma opressão que se concretiza das mais diversas formas, concentradas ou difusas, em especial contra a juventude pobre e negra do país. Práticas que, cada vez mais, têm culminado em torturas cotidianas, encarceramento em massa, e seguidas execuções sumárias. Uma pesquisa recente divulgada pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos, UNICEF e Observatório de Favelas, no dia 21/07/2009, afirma que, se as estatísticas permanecerem como estão, mais de 33,5 mil jovens terão sido executados no Brasil durante o curto período de 2006 a 2012. Os estudos ainda apontam que os jovens negros apresentam risco quase três vezes maior de serem executados em comparação com os brancos.

Os Crimes de Maio de 2006

Pois mal: foi neste contexto que, durante o mês de maio de 2006, no Estado de São Paulo, policiais e grupos paramilitares de extermínio ligados à Polícia Militar promoveram um dos mais vergonhosos escândalos da história brasileira. Em uma cínica e mentirosa “onda de resposta” ao que se chamou na grande imprensa de "ataques do PCC", foram assassinadas no mínimo 493 pessoas - que hoje constam entre mortas e desaparecidas. A imensa maioria delas - mais de 400 jovens negros, afro-indígena-descendentes e pobres – executados sumariamente. Sem dúvida, o maior Massacre da história brasileira recente.

São centenas de mães, milhares de familiares e amig@s que tiveram, no intervalo de pouco mais que uma semana, seus entes queridos assassinados covardemente, e até hoje seguem sem qualquer satisfação por parte do Estado brasileiro. Os casos permanecem arquivados sem investigação correta para busca da Verdade dos fatos; sem Julgamentos dos verdadeiros culpados (os agentes do estado e seus outros braços armados); sem qualquer Proteção, Indenização ou Reparação por parte das instituições que tiraram os seus jovens. Um estado que ainda insiste em sequestrar também o sentimento de Justiça dessas famílias.

Desde então, por meio de muita luta - sobretudo das Mães e Familiares de Vítimas à frente dela - um primeiro e importante desafio já vem sendo superado: a censura nos grandes meios de comunicação, e a barreira do desconhecimento. Hoje, passados três anos e meio desde os terríveis Crimes, milhões de pessoas ao redor de todo o Mundo já sabem o quê realmente aconteceu naqueles trágicos dias. Entretanto, muitas ainda precisam saber, principalmente aqui no Brasil, onde o massacre aconteceu, e onde a marcha fúnebre prossegue com o desconhecimento ou conivência de muitos.

No dia 15 de outubro de 2009, a Anistia Internacional enviou uma nota a todas as instâncias do Estado brasileiro, na qual repudia o absurdo arquivamento da imensa maioria dos casos que se multiplicaram nas periferias de São Paulo a partir de maio de 2006, ressaltando estar atenta em relação à impunidade que vigora até o momento, e atenta também ao futuro das investigações e providências. Há poucos dias, no início de dezembro, novamente em visita ao Brasil, representantes da AI voltaram a destacar e se solidarizar com toda a luta das Mães e Familiares que, segundo a entidade internacional, sofrem uma "dupla-violência”: além de terem perdido seus filhos de maneira brutal por parte de agentes do Estado, ainda têm renegado o seu legítimo direito à Verdade e à Justiça, sendo obrigadas muitas vezes a conduzir elas mesmas as investigações - sem nenhum suporte, reparação, e sequer a garantia da própria Vida. A Anistia Internacional também volta a exigir o desarquivamento dos casos.

Desarquivamento e Federalização

Agora é preciso dar novos passos, e superar novas barreiras simbólicas, políticas e jurídicas. Esta petição, lançada pelas “Mães de Maio” às vésperas do Dia Internacional dos Direitos Humanos de 2009, tem como objetivo geral exigir o mínimo que as pessoas com alguma decência e dignidade podem fazer diante de brutalidades como esta: manifestar seu Repúdio e reivindicar Justiça! Mas tem um objetivo específico muito preciso: exigir do Poder Executivo Nacional que este faça cumprir a Constituição Brasileira, a qual vem sendo constantemente vilipendiada pelos Poderes Judiciário e Executivo do Estado de São Paulo – de alguma maneira implicados politicamente com os referidos Crimes de Maio de 2006, sobre os quais cobramos Justiça.

Sabemos que uma sociedade realmente democrática não se constrói sem encarar todo o seu Passado, sem assimilar toda sua Verdade Histórica. Sabemos que isso não é fácil, e que no Brasil há uma blindagem pesada feita pelas elites civis e militares para que isto não aconteça. Entretanto, diante de todo este poder opressivo imposto pelo dinheiro, pelas mídias e pelas armas, nós que abaixo-assinamos esta petição não nos intimidamos.

Estamos absolutamente convictos de que não construiremos uma sociedade Justa, Igualitária e, sobretudo, Livre, sem fazer todas as devidas reparações históricas. Mais que isso: seria impossível dormir com a consciência tranqüila se nos calássemos, nos omitíssemos ou, pior, se colaborássemos para a manutenção desta situação. Tampouco atingiremos os nossos ideais coletivos, nacionais e internacionalistas, sem exigirmos a punição dos responsáveis pela sucessão de crimes históricos cometido pelas elites e por seus agentes incrustados no Estado brasileiro, de forma direta ou indireta. Principalmente aqueles altos responsáveis pela sucessão de Massacres que marca a nossa História. Sem o julgamento e a devida punição de todos os responsáveis por estes crimes inomináveis, a sociedade brasileira na prática continuará dando aval para que eles sigam ocorrendo, sobretudo contra a juventude pobre e negra do país.

A luta pelo Desarquivamento e pela Federalização das investigações sobre os Crimes de Maio de 2006 se insere nesta tradição de resistência de tod@s @s oprimid@s que lutaram e lutam pela Memória, pela Verdade e por Justiça, em relação a todos os massacres históricos. Não apenas as vítimas e familiares dos Crimes de Maio de 2006 agradecem o apoio a este manifesto, mas todas as vítimas diretas ou indiretas do Massacre de Canabrava (2009), do Complexo do Alemão (2007), da Baixada Fluminense (2005), da Praça da Sé e de Felisburgo (2004), de Eldorado dos Carajás (1996), da Candelária e de Vigário Geral (1993), do Carandiru (1992), de Acari (1990), da Ditadura Civil-Militar (1964-1989), e de todos os massacres históricos contra trabalhadoras e trabalhadores pobres, negros e indígenas ocorridos ao longo da história brasileira.
NOSSA LUTA POR JUSTIÇA HISTÓRICA É UMA SÓ!
E, neste momento, neste manifesto: a Luta é por Justiça frente aos Crimes de Maio de 2006!
EM DEFESA DO DESARQUIVAMENTO E DA FEDERALIZAÇÃO DAS INVESTIGAÇÕES SOBRE OS “CRIMES DE MAIO DE 2006” COMETIDOS POR AGENTES MILITARES DO ESTADO DE SÃO PAULO E GRUPOS DE EXTERMÍNIO PARAMILITARES LIGADOS A ELES.
07 de Dezembro de 2009
Para assinar a petição online clique aqui

Americanos invejosos vs Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro

O ator americano Robin Williams, de 58 anos, fez uma piada infeliz no Programa Late Show with David Letterman (um dos programas mais populares dos EUA), onde declarou sua insatisfação (inveja) pela escolha do Brasil em sediar as Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro.
Ele disse:
"É ótimo estar aqui com a próxima Oprah esta noite. E eu espero que a Oprah não tenha ficado chateada por ter perdido as Olimpíadas, sabe? Chicago mandou a Oprah e a Michelle. O Brasil mandou 50 strippers e meio quilo de pó. Não foi justo”.
Mas ele deve saber do que está falando, pois antes da fama e respeito que tem atualmente, teve sérios problemas com drogas, mais precisamente com cocaína. Foi rebelde e participou de inúmeras festas regadas a muita droga, uma delas com John Belushi, poucas horas antes da morte dele por overdose.

Em outubro, a atriz Wanda Sykes (The New Adventures of Old Christine) também criticou a escolha do Rio numa entrevista ao “Jay Leno Show”. Ela perguntou a Leno se o Comitê Olímpico já estava considerando prostituição como esporte, porque no Rio a competição seria para escolha da bunda mais bonita.
E não foi apenas isso, o apresentador Fareed Zakaria, do programa “GPS”, na CNN, também colocou em dúvida a capacidade de sediarmos as Olimpíadas de 2016.
Ele disse:
"Apenas dias depois da euforia causada pela escolha do COI, uma guerra contra o tráfico de drogas, que já dura décadas, deixou 40 pessoas mortas”.
E concluiu:
"Eu não espero que o presidente Lula, o político mais popular do mundo, com aprovação na casa dos 80%, resolva todos os problemas antes das Olimpíadas de 2016 com a mesma competência que os chineses demostraram antes de Beijin 2008”.
Mas para ele as Olimpíadas serão: "um grande teste para o futuro”.


É triste ver nosso país assim, tão criticado, como se nos EUA não houvesse drogas, prostituição, seriais killers, traficantes… a única coisa que posso concordar é que eles não tem, nem perto, a beleza da bunda (e é claro que não é só a bunda, apenas me retrato às próprias palavras deles) das brasileiras, isso é fato. Nós brasileiros sabemos muito bem de todos os problemos que o Rio de Janeiro enfrenta, mas "eles" os Norte Americanos se esquecem que Las Vegas ganhou fama por legalizar a prostituição e na Califórnia, maconha pode ser vendida como medicamento.Então este cidadão deveria cuidar da vida dele,ou como é uma pessoa pública fazer campanhas contra prostituição e drogas.Deveria também parar de se preocupar com o Brasil e dar um jeito no país dele que está em recessão e poluindo meio mundo."

Como disse o Prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes: "Isso é dor de corno!”


Já o Comitê, afirmou em nota que o assunto será tratado apenas pelos seus advogados, que estudam as “medidas cabíveis nos Estados Unidos”.
Será que vai dar em algo? Que mania que as pessoas têm de pensar que podem dizer o que querem sem pensar nas consequências...
Assista ao vídeo

Lixo tecnólogico Europeu envenena crianças na África part. I



Os cidadãos do Ocidente jogam fora milhões de computadores velhos todos os anos. Centenas de milhares deles acabam na África, onde as crianças procuram ganhar a vida vendendo peças velhas das máquinas. Mas os elementos tóxicos presentes no lixo as estão envenenando lentamente. Segundo a Bíblia, Deus lançou uma chuva de fogo e enxofre para destruir as cidades de Sodoma e Gomorra. E as autoridades governamentais de Accra, em Gana, também passaram a chamar de "Sodoma e Gomorra" uma parte da cidade afetada por produtos tóxicos de um tipo que os moradores das cidades bíblicas jamais poderiam imaginar. Ninguém vai a esse local, a menos que isso seja absolutamente necessário. Uma fumaça ácida e escura passa sobre os barracos da favela. As águas do rio também são fétidas e viscosas como óleo usado. Elas carregam gabinetes de computador vazios para o oceano. Nas margens do rio veem-se fogueiras alimentadas por isopor e pedaços de plástico. As chamas consomem o material plástico de cabos, conectores e placas-mãe, deixando intactos apenas o metal.Hoje há um vento que faz com que a fumaça dessas fogueiras infernais passem lentamente por sobre a terra. Respirar muito profundamente é doloroso para os pulmões, e as pessoas que alimentam as fogueiras às vezes dão a impressão de serem apenas silhuetas vagas e enevoadas.Uma figura pequena e curvada caminha entre as fogueiras. Com uma mão, o garoto arrasta um alto-falante velho pela terra e as cinzas, puxando-o por um fio. Com a outra mão ele segura firmemente uma bolsa. O alto-falante e a bolsa são as únicas posses do garoto, além da camiseta e as calças que ele usa. Ele tem um nome incomum: Bismarck. O garoto tem 14 anos, mas é pequeno para a idade. Bismarck vasculha a terra em busca de qualquer coisa que os garotos mais velhos possam ter deixado para trás após queimarem uma pilha de computadores. Podem ser pedaços de cabo de cobre, o motor de um disco rígido, ou peças velhas de alumínio. Os ímãs do seu alto-falante também capturam parafusos ou conectores de aço. Bismarck joga tudo o que encontra dentro da bolsa. Quando a bolsa estiver cheia até a metade, ele poderá vender o metal e comprar um pouco de arroz, e talvez também um tomate, ou até mesmo uma coxa de galinha grelhada em uma fogueira acesa dentro do aro de um carro velho. Mas o garoto diz que hoje ainda não encontrou o suficiente. Ele desaparece novamente na fumaça.


O refugo da era da internetEsta


Área próxima a Sodoma e Gomorra é o destino final dos computadores velhos e outros produtos eletrônicos descartados de todo o mundo. Há muitos lugares como este, não só em Gana, mas também em países como Nigéria, Vietnã, Índia, China e Filipinas. Bismarck é apenas um de talvez uma centena de crianças daqui, e de milhares do mundo inteiro. Essas crianças vivem em meio ao refugo da era da internet, e muitas delas podem morrer por causa disso. Elas desmancham computadores, quebrando telas com pedras, e a seguir jogam as peças eletrônicas internas em fogueiras. Computadores contêm grandes quantidades de metais pesados e, à medida que o plástico é queimado, as crianças inalam também fumaça carcerígena . Os computadores dos ricos estão envenenando os filhos dos pobres. A Organização das Nações Unidas (ONU) calcula que até 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico são jogadas anualmente no lixo em todo o mundo. O custo para se reciclar apropriadamente um velho monitor CRT na Alemanha é de 3,50 euros (US$ 5,30 ou R$ 9,20). Mas o envio do mesmo monitor para Gana em um contêiner de navio custa apenas 1,50 euro (R$ 3,80).

Snoop Doog disponibiliza seu novo álbum na íntegra no My Space



Em um dos últimos lançamentos de 2009, chega às lojas no dia 8 de dezembro Malice N Wonderland, novo CD de Snoop Dogg.

O décimo álbum de estúdio do astro já está disponível na íntegra em sua página no myspace, e conta com participações de artistas como R Kelly, Brandy, Jazmine Sullivan e Soulja Boy.

Ouça aqui as faixas de Malice N' Wonderland

"Não quero negros na minha equipe"


Dick Advocaat, técnico do Zenit, da Rússia, afirma que não quer criar problemas com os torcedores do seu clube. O técnico do Zenit, Dick Advocaat, declarou que não quer jogadores negros em sua equipe porque torcedores do clube não querem. Nesta quarta, dia 14, o Zenit, da Rússia, decidirá o título com o Glasgow Rangers, da Escócia, pela Copa da Uefa. Segundo o técnico a torcida não aceita que o elenco tenha jogadores negros.
"Não quero negros no meu time porque meus torcedores não querem. Honestamente, não entendo por que eles prestam tanta atenção na cor da pele", enfatizou o holandês Dick Advocaat, em entrevista ao portal espanhol "20 Minutos". A equipe do Zenit possui várias torcidas organizadas que são racistas. Tanto que o clube quase foi eliminado do torneio por causa de insultos contra jogadores do Olympique de Marselha. Apesar das evidências e da confirmação do próprio técnico, a diretoria do Zenit se defende das acusações e nega que os torcedores sejam racistas. "O Zenit une jogadores de diferentes nacionalidades e religiões. Nosso clube tem milhões de torcedores, em diferentes países. O clube e seus jogadores participam freqüentemente de programas anti-racistas", afirmou a diretoria do clube. O duelo entre Zenit e Rangers acontece nesta quarta-feira, no estádio City of Manchester, na Inglaterra.

Bantustolas: Os bantustões dos quilombolas, o MST dos negros


O livro de Nelson Ramos Barreto, A Revolução Quilombola (Artpress, São Paulo, 2007), narra as maracutaias feitas pela tróica da malandragem “bantustola” (os quilombolas dos bantustões racistas): Fundação Palmares, Incra e falsos quilombolas. Como se sabe, bantustões eram áreas criadas pelo regime do Apartheid, na África do Sul, em que os negros eram confinados como animais e de onde só podiam sair com autorização do governo. A Constituição Federal, em seu Art. 68, prevê que terras ocupadas por antigos descendentes de quilombos, os quilombolas, tenham os devidos registros cartoriais: “Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras, é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos”. É importante atentar para as palavras escritas pelo constituinte: “que estejam ocupando suas terras”, não “que ocupavam”, “que tinham ocupado” ou “que irão ocupar”.O que ocorre, no entanto, é que o Incra e a Fundação Palmares estão aceitando qualquer sujeito a se identificar como quilombola (a tal “auto-atribuição” ou “auto-definição”) e, a partir daí, conceder terras a falsos quilombolas, em áreas onde nunca havia existido qualquer tipo de comunidade quilombola. Basta o bantustola dizer que o tataravô escravo tenha andado por tais e tais terras ou serras, que tenha pescado em tais e tais rios, que tenha caçado em tais e tais matas, que tenha procriado em tais e tais campos, para que o pedido de bantustola seja imediatamente aceito, sem direito de contestação do legítimo proprietário.Em Joaçaba, SC, minha terra natal, segundo denúncia de Barreto, nem a Mitra Diocesana escapou da sanha quilombola. Seria o caso de implantar um “bantustola carola” no progressista município do Vale do Rio do Peixe?Em Campos Novos, SC, na Invernada dos Negros, ocorre outra patifaria, segundo investigação de Barretto. Um antigo fazendeiro doou cerca de 1/3 de suas terras a antigos escravos, depois de alforriados. Hoje, lá vivem apenas 32 famílias, as quais nunca foram quilombolas, pelo simples fato de nunca terem fugido do patrão, que sempre foi muito bondoso com seus escravos. Espertamente, baseado em laudo de uma antropóloga de uma universidade catarinense, o Incra quer aumentar o tamanho daquelas terras para pelo menos 8.000 hectares “numa primeira etapa” (outras etapas com certeza aparecerão mais adiante), para que sejam assentados cerca de 1.000 bantustolas na região! Como foi feito o milagre da multiplicação dos bantustolas? Com a distribuição de cestas básicas feitas pelo Incra, como isca, apareceram muitos espertalhões vindos de outras regiões do Estado, os quais, na maior cara-de-pau, se “identificaram” como bantustolas, assinando uma lista que não tem nenhum valor jurídico em um país sério, o que não é o caso do Brasil. O interessante é que a maioria desses picaretas importados pelo Incra nem sabe o que significa “quilombola”, pois alguns deles falam em “quirombolas” e até “carambolas”...No Rio de Janeiro, no bairro da Saúde, um espertalhão chamado Damião Braga Soares dos Santos ocupou irregularmente um imóvel da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência e, posteriormente, identificou-se como sendo também um bantustola, junto com sua mulher, Marilúcia da Conceição Luzia, e mais três picaretas. Até aí tudo bem, tem sem-vergonha em toda parte. Porém, é assombroso que a Fundação Palmares e o Incra tenham aceitado tal absurdo como uma prova de existência bantustola. Logo lá, no centro do Rio, na região portuária, próximo de um antigo Forte Militar.Dentro dessa loucura bantustola, o município de São Mateus, ES, deverá ser desapropriado em cerca de 80% de seu território, para doação a falsos quilombolas! Para onde mandar toda essa gente que lá habita há séculos, que produz um dos agronegócios mais diversificados do País?No final da Ilha da Marambaia existe uma unidade de Fuzileiros Navais, onde Lula gosta de passar suas férias. Além dos fuzileiros, habitam a região cerca de 106 famílias, que vivem basicamente da pesca, da aposentadoria e da Bolsa-Esmola. Uma ONG inventou que essas famílias são bantustolas, a malandragem foi aceita pela Fundação Palmares e pelo Incra, que deseja que a metade da ilha (16 milhões de m²) se torne propriedade bantustola!Antropólogos da Universidade de Brasília (UnB) criaram um mapa do Brasil com a existência de 2.228 quilombos. A Fundação Palmares, ONGs e bantustolas já aumentaram esse número para próximo de 5.000. FHC concedeu, em oito anos, um Estado de São Paulo inteiro ao messetê, a um custo de cerca de R$ 25 bilhões. Nesse favelão apocalíptico, somente 9% dos assentados conseguem viver de seu próprio trabalho, 91% vivem de passeatas e cestas básicas. O insumo agrícola que esses falsos trabalhadores rurais recebem não é grão de milho ou de soja, mas pano vermelho, para confecção de bandeiras, bonés e camisas. Os 5.000 bantustões negros requeridos pelos bantustolas têm uma área superior a cinco Estados do Rio de Janeiro. E assim, de “carambola” em “quirombola”, os quilombolas criados pelo Incra deitam e rolam. Felizes bantustolas!Barreto lembra como o movimento negro substituiu a bondosa Princesa Isabel por Zumbi, um escravocrata que espalhava o terror nas populações vizinhas a partir do Quilombo dos Palmares. O autor apresenta uma prova de que “Zumbi mantinha escravos de tribos inimigas para os trabalhos do quilombo”, tirada do livro Divisões Perigosas, de José de Souza Martins (Ed. Civilização Brasileira, Rio, 2007, pg. 99): "Os escravos que se recusavam a fugir das fazendas e ir para os quilombos eram capturados e convertidos em cativos dos quilombos. A luta de Palmares não era contra a iniqüidade desumanizadora da escravidão. Era apenas recusa da escravidão própria, mas não da escravidão alheia. As etnias de que procederam os escravos negros do Brasil praticavam e praticam a escravidão ainda hoje, na África. Não raro capturavam seus iguais para vendê-los aos traficantes. Ainda o fazem. Não faz muito tempo, os bantos, do mesmo grupo lingüístico de que procede Zumbi, foram denunciados na ONU por escravizarem pigmeus nos Camarões" (pg. 20).O racismo quilombola teve grande impulso com FHC que na deliberação do Programa Nacional dos Direitos Humanos, criado em 1996, dando início à divisão do Brasil em um país bicolor: “Determinar ao IBGE a adoção do critério de se considerar os mulatos, os pardos e os pretos como integrantes do contingente de população negra”. Assim, os negros mestiços, ainda que tenham 50% de sangue europeu, passam a ser tratadas como africanos puros, um absurdo! Com uma penada, FHC pretendeu acabar com uma instituição nacional, a “mulata”.“Com este jogo de conceitos, o censo, que apresentava 51,4% da população brasileira como sendo branca, 5,9% como negra e 42% como parda, com o advento da nova expressão fez com que a população negra passasse a constituir 47,9% dos brasileiros. Diante dos números acima, foi criado o slogan: ‘No Brasil a pobreza tem cor, e ela é negra’. A causa da pobreza dos negros seria um ‘racismo escondido’. O governo, em vez de combater a pobreza com os instrumentos clássicos de educação de qualidade, geração de emprego, fortalecimento da família e de valores morais, com amor ao trabalho e à poupança, vem criando uma série de programas de incitamento à revolta, resultando em invasões de propriedades e desrespeito às decisões judiciais” (pg. 11-12).O racismo quilombola tenta se aperfeiçoar ainda mais, com base no Projeto de Lei do Senado (PLS) nº 213/2003, de autoria do senador Paulo Paim (PT/RS), que “institui o Estatuto da Igualdade Racial”, uma constituição paralela para os negros, como diz Barreto, um verdadeiro Apartheid: “Não se trata de igualar os direitos para todas as raças, mas de fazer uma divisão, um verdadeiro Apartheid, separando os negros em seus direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer, à cultura, e em todos os demais, como se isso já não fosse garantido na Constituição a todos os brasileiros sem distinção de raça” (pg. 33). Um desses projetos segregacionistas já em vigor é o sistema de “cotas raciais”, em que estudantes têm direito a ingressar na universidade por conta apenas da cor de sua pele negra ou nem tão negra assim - um ato inconstitucional que os juízes do STF já deveriam ter derrubado logo no início, caso não estivessem comendo moscas e aceitando a demagogia e a pilantragem do movimento negro.Vale lembrar que, em março deste ano, a ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Promoção e Igualdade Racial, afirmou que “não é preconceito negro odiar branco, é uma coisa natural”. Imagina se eu afirmasse que é natural o branco escravizar o negro, por ser superior intelectualmente. Eu seria imediatamente preso, por “prática de racismo”. E o que aconteceu com Dona Matilde? Nada, como nada aconteceu com o ministro de propagação da subversão continental, Marco Aurélio Garcia, com seu obsceno gesto “top-top-top”, por ocasião do acidente do avião da TAM, que deixou 199 mortos, acompanhado devidamente por um aspone fazendo gestos ainda mais obscenos de “fuck-fuck-fuck”.É assim que funciona o movimento bantustola: de mentira em mentira, de safadeza em safadeza, de malandragem em malandragem, vai levando a “revolução quilombola” para o campo e a cidade, de modo a trazer preocupação e desespero à população legalmente estabelecida há séculos.Inegavelmente, a “revolução quilombola” é o messetê dos negros, como muito bem disse Nelson Barretto. Os bantustões dos quilombolas estão sendo moldados dentro dos mesmos conceitos das fazendas coletivas soviéticas, os kolkhoses, que levaram a fome à antiga URSS. Ninguém é dono de nada, já que apenas a “comunidade quilombola” é proprietária das terras. Assim, galinha d’angola em terreno bantustola não tem dono porque é comunitária a caçarola... Favelas e mais favelas serão criadas por conta desse movimento racista só visto nos bantustões do Apartheid sul-africano de triste memória. Quem é que vai querer trabalhar para progredir na vida, se tudo é distribuído a todos, mesmo para os vagabundos que não são chegados ao trabalho, nada produzem, e que preferem fazer passeatas pelas cidades do País?Algumas dúvidas já se impõem: só “beiçola” pode ocupar terra de bantustola? Branquelo azedo e “pindirriga”, como eu, pode se casar com mulher bantustola, viver no bantustão quilombola e procriar filhos bantustolas? Ou isto será proibido, para preservar o código genético dos negros, para que não tenha nenhum tipo de “contaminação” de sangue branco?Dentro desse princípio, deveriam também ser criados “branquelolas”, os “quilombolas de brancos”, nas cidades de origem alemã e italiana de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Se Lula já criou até uma moeda para os bantustolas de Alcântara, MA, o “Guará”, que tal criar também uma moeda exclusiva para os alemães de Blumenau? Poderia ser “Pila”, palavra que no Sul significa “dinheiro”. Ou “Fritz”. Os habitantes de Pomerode, a cidade mais alemã de Santa Catarina, iriam adorar...
Fonte: Mídia Sem Máscara