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Pela emancipação das mulheres trabalhadoras!

Por: Roberta Ninin

Devemos decisivamente rejeitar o feminismo burguês e pequeno-burguês, os quais vêem o problema como um conflito entre homens e mulheres e não como uma questão de classe.


Para muitas feministas a opressão das mulheres está baseada na natureza dos homens: não é um fenômeno social, mas biológico. Essa é uma concepção atrasada, não-científica, não-dialética e não-histórica da condição humana, da qual apenas conclusões pessimistas podem surgir. Pois se aceitarmos que há algo inerente aos homens que os induz a oprimir as mulheres, fica difícil ver como poderemos mudar o mundo. Por esse caminho, deveríamos concluir que a opressão das mulheres pelos homens sempre existiu e sempre existirá enquanto existirem homens.

O marxismo explica que esse não é o caso. Para os marxistas, a causa original de todas as formas de opressão consiste na divisão da sociedade em classes. O estudo da história através dos métodos do marxismo mostra que, junto com a propriedade privada e o Estado, a família burguesa nem sempre existiu, e que a opressão das mulheres teve início com a divisão da sociedade em classes. Logo, a abolição dessa opressão está intrinsecamente ligada à abolição das classes.

Isso não significa que a opressão das mulheres desaparecerá automaticamente quando a classe trabalhadora tomar o poder. A herança psicológica de milhares de gerações sob o barbarismo de classe será finalmente superada quando forem criadas as condições sociais para o estabelecimento de relações humanas reais entre homens e mulheres.

Para que ocorra a revolução socialista, é necessário unir a classe trabalhadora e suas organizações, incluindo em seu programa a luta contra a opressão da mulher. Isso significa que a classe trabalhadora deve tomar para si a tarefa de combater todas as formas de opressão e exploração, e colocar-se como a direção de todas as camadas oprimidas da sociedade. No Brasil, a luta contra o racismo deve ser travada pelos trabalhadores brancos e negros, assim como a luta pela emancipação da mulher deve ser travada por homens e mulheres trabalhadoras.

Isso implica que, nesse caminho, a classe trabalhadora deve rejeitar decisivamente todas as tentativas de dividi-la - mesmo quando essas tentativas forem feitas por setores dos próprios oprimidos. Devemos nos opor às feministas que impulsionam movimento de mulheres onde homens não participam e, entretanto, onde qualquer mulher participe, independente de quais interesses de classe defenda. Dividir os trabalhadores entre brancos e negros ou entre homens e mulheres só favorece à exploração exercida pelo patrão, seja ele branco ou negro, homem ou mulher.