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MPF: Justiça Federal investiga fraude no sistema de cotas da Universidade federal


Acusada de falsidade ideológica, a estudante teria sido aprovada por ter se beneficiado da reserva de vagas para alunos de escolas públicas

A Justiça Federal recebeu a denúncia do Ministério Público Federal no Espírito Santo (MPF/ES) contra a estudante Lorrana Sarmento Teixeira, acusada de falsidade ideológica. Por meio de declaração falsa, ela burlou o sistema de cotas sociais da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) para obter uma vaga no curso de direito no processo seletivo realizado pela instituição em 2008.
Protocolada na Justiça Federal no dia 19 de agosto, a denúncia foi recebida na última sexta-feira, 16 de outubro. A partir de agora, o processo começa a tramitar, e Lorrana passa da condição de denunciada à condição de ré. Como a pena mínima para quem pratica o crime de falsidade ideológica é de um ano, podendo chegar a três anos, o Ministério Público propôs à denunciada a suspensão condicional do processo, já que ela não é ré em nenhuma outra ação penal. A possibilidade do oferecimento da suspensão condicional do processo em crimes cuja pena mínima é de até um ano está prevista na Lei 9.099/95, que possibilita a aplicação de pena alternativa em lugar da pena privativa de liberdade.
Para que o processo seja suspenso, entretanto, o denunciado tem que cumprir uma série de condições. Nesse caso específico, o MPF/ES propôs a Lorrana a prestação de serviços gratuitos à Secretaria de Inclusão Social da Ufes pelo prazo de seis meses, com jornada semanal de oito horas. Além disso, ela fica proibida de deixar o estado por mais de 15 dias sem autorização judicial e também terá que comparecer pessoalmente à Justiça Federal uma vez por mês para informar sobre suas atividades.
Se a denunciada aceitar a proposta e cumprir todas as condições impostas pelo MPF, o processo fica suspenso por dois anos e depois é arquivado. Em caso de descumprimento de qualquer uma das condições, entretanto, o processo volta a tramitar normalmente e pode resultar em até três anos de cadeia, em caso de condenação. A denunciada, entretanto, não é obrigada a aceitar a proposta de suspensão do processo. Ela pode optar por deixá-lo seguir os trâmites habituais.

A fraude - Na época, o sistema de cotas sociais da Ufes previa a reserva de 40% das vagas para candidatos originários de escolas públicas. Ao fazer sua inscrição para o vestibular, Lorrana Teixeira optou pelo sistema de cotas e inseriu em formulário específico a informação de que cursou o ensino médio integralmente em escola pública. A denunciada, entretanto, havia cursado o ensino médio numa escola particular, mas, para se aproveitar indevidamente da reserva de vagas para estudantes de escolas públicas, se matriculou na modalidade de educação supletiva numa unidade de ensino da rede pública estadual.
No formulário de inscrição por meio do qual optou pelas cotas, Lorrana inseriu no documento declaração diversa da que deveria ser escrita, já que assinalou, nas quadrículas do formulário, que havia cursado o ensino médio na rede pública de ensino. Além disso, ela também atestou que atendia aos requisitos para ter direito ao sistema de inclusão social da universidade. “Requeiro opção pela reserva de vagas (...) aceito e atendo a todos os requisitos mínimos e condições ali estabelecidas”, diz um trecho do documento assinado pela denunciada.
Segundo a Comissão Coordenadora do Vestibular da Ufes, Lorrana só foi aprovada por ter se beneficiado da reserva de vagas para alunos de escolas públicas, já que sua pontuação não seria suficiente para lhe garantir uma vaga pelo sistema universal.
De acordo com o procurador da República Flávio Bhering Leite Praça, autor da denúncia, Lorrana causou prejuízo não só aos candidatos que preenchiam os requisitos para o sistema de cotas, mas também à sociedade, já que a falsidade ideológica cometida pela denunciada impediu a efetividade do sistema, criado para promover a inclusão social.
O número da ação para acompanhamento processual no sítio da Justiça Federal (www.jfes.jus.br) é 200850010141670.

Assessoria de Comunicação Social
Procuradoria da República no Espírito Santo

As Universidades e os Movimentos Sociais


Uma Problemática Engendrada de Interrrelações e uma Grande Inércia a Ser Superada


Vivemos um momento de grandes discussões sobre as desigualdades sociais, a problemática do racismo, preconceitos e intolerâncias correlatas, e a influência destes fatores limitantes do desenvolvimento humano em setores fundantes da sociedade como a educação e a saúde. Um momento onde estão sendo, ou foram, realizadas diversas conferências, a citar a Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Conapir), Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), Conferência Nacional de Segurança Pública (Conseg), e a Conferência Nacional de Educação (Conae).
A priori, poderíamos fazer as seguintes avaliações sobre este panorama: 1) que finalmente a sociedade esta problematizando as questões que são importantes para avançarmos em ações políticas que combatam as fontes das desigualdades sociais; e 2) que a sociedade cívil está sendo convocada, mediante estas conferências para, junto com representantes do governo, construirem resoluções que nortearão as políticas públicas dos próximos anos.
Porém, quando consideramos as condições na qual estas conferências ocorreram/ocorrem, o que percebemos é uma situação diferente das avaliações otimistas supracitadas. A começar pelo formato destes eventos, onde naturalmente muitas pessoas importantes para o processo de construção de resoluções contra-hegemonicas ficaram/ficam de fora das etapas finais do processo (etapas estaduais e nacionais). A eleição de delegados (as) nas etapas iniciais destas conferências acaba por acirrar a competição pelos “postos de autoridade/representatividade social”, estimular disputas entre as organizações da sociedade cívil, e provocar uma série de desgastes políticos e pessoais, se traduzindo em uma estratégia de desarticulação dos movimentos. No que se refere a metodologia de trabalho destas conferências, tanto os GT´s (grupos de trabalho referentes aos eixos temáticos) quanto as plenárias, não permitem um debate qualificado sobre os referidos eixos com uma adequada problematização e reflexão sobre os temas. A importância da questão racial traduzida pelo debate acerca do racismo e desigualdades raciais nestes eventos de construção de resoluções, é colocada quase sempre em segundo plano, sendo que os militântes do movimento negro acabam tendo que despender muita energia para inserir na pauta essas reivindicações que são fundamentais.
Anteriormente a estas conferências, os movimentos sociais, notadamente os coletivos/organizações negras, já vinham se organizando e assumindo um comportamento orgânico buscando empoderamento jurídico, político, financeiro, e midiático, dentre outros domínios, sendo que esta situação já vem a algum tempo suscitando uma série de conflitos em algumas esféras sociais, e despertando o interesse de pesquisadores das ciências humanas para a investigação do fenômeno da militância por direitos humanos. O movimento negro, ao longo dos anos, vêm se organizando em grupos de pesquisa, bibliotecas comunitárias, posses de Hip-Hop, grupos e organizações culturais, e cada vez mais vêm ganhando notoriedade junto a população.
Já a escola (ensino formal) sofre um processo de descrédito social muito forte. Uma situação caótica se estabeleceu, onde os professores da rede pública de ensino (fundamental e médio) no geral apresentam grande dificuldade para “educar” seus alunos; sofrem de síndrome de burnout (esgotamento mental, estresse, e outros sintomas), saem de licença médica, são ameaçados e desrespeitados pelos alunos, dentre outras situações adversas. Neste mesmo contexto, surge a figura do educador social, liderança comunitária, uma figura que atua no chamado ‘3º setor’, em organizações de movimentos sociais, e que vêm ganhando legitimidade social por conseguir atuar junto às populações cujas instituições de ensino tradicionais não conseguem atingir.
A problemática está estabelecida. Situo as instituições de ensino tradicionais (escolas) e os processos políticos como as conferências que vêm ocorrendo Brasil afora, como instrumentos complementares para a geração de eqüidade social e aumento da qualidade de vida populacional. Porém, por um lado, as escolas, salvo poucas exceções, não conseguem atuar de forma adequada junto aos alunos para atingir os objetivos estabelecidos nas Leis de Diretrizes e Bases da educação e nos Parâmetros Curriculares Nacionais, principalmente no que se refere ao desenvolvimento pleno do cidadão crítico e participativo e na construção de uma sociedade justa e plural. Por outro lado, as conferências nacionais citadas acima, enquanto estratégias para diminuição das desigualdades sociais e construção de uma sociedade mais humana, por várias razões não produzem o efeito desejado pelos setores mais vulneráveis da sociedade, e acabam por não gerar mudanças estruturantes e relevântes. O 3º Setor está crescendo em processo de estruturação, mas de forma geral ainda não goza de uma superestrutura capaz de gerar mudanças de grandes proporções, apesar de termos ONG´s que geram intervenções sociais de grande impacto e relevância, notadamente as organizações de mulheres negras feministas. Entretanto, muitas organizações da sociedade cívil acabam por fazer aliança com o 1º Setor mediante editais de financiamento e outras vias, e este processo, mais do que oferecer uma solução à órdem sócial vigente, pode legitimar o poder estabelecido, dependendo da maneira como é concebido.
Talvez uma válvula de escape para suavizar a tensão gerada por essa problemática engendrada seja a universidade. Porém, nossas universidades (instituições produtoras de pesquisas) estão engessadas, presas a uma camisa de força acadêmica, ainda muito distantes dos movimentos sociais, e pior, encontrando-se homogênea em sua população de acadêmicos. Desta forma, a universidade não é capaz de gerar conhecimento que ofereça uma saída a este caos social, e da mesma forma, não fornece a contrapartida social que deveria fornecer. Ou seja, as universidades brasileiras, de forma geral, não conseguem contribuir para a superação dos problemas sociais mais importantes. As pesquisas produzidas nas instituições de ensino superior acabam servindo a um único propósito: o benefício próprio do pesquisador, seja para alcançar maior prestígio acadêmico, melhorar o curriculo Lattes, ganhar bolsas de pesquisa, ou outras benecies.
Observamos nos últimos anos um aumento na publicação de pesquisas acadêmicas sobre saúde da população negra, movimento Hip-Hop, sobre religiosidade de matriz africana – notadamente sobre o Candomblé e a Umbanda, e também sobre as muitas línguas de matriz africana, alem de pesquisas com temas correlatos. Quem são os protagonistas destas pesquisas? Com que propósito estas pesquisas estão sendo realizadas? Quais as conclusões levantadas nestes documentos publicados? Quem são os leitores destas pesquisas? Qual o impacto destas na sociedade?
As universidades devem se aproximar dos movimentos sociais, reduzindo o abismo existente entre ambos. As políticas de ações afirmativas devem ser radicalmente ampliadas nestas instituições, de modo a permitir uma mudança na distribuição dos alunos, aumentando sua população negra e indígena. Desta maneira, e só assim, poderíamos assitir ao aumento do número de pesquisas públicadas com um olhar diferenciado dos aspectos sociológicos e políticos dos diversos problemas apontados acima, desta forma auxiliando a formulação de resoluções para políticas, em eventos como a Conapir e outros, para a promoção de mudanças estruturantes. Este quadro idealizado traduziria uma situação a somar forças com o importante trabalho político, educacional, e científico, que já vêm sendo conduzido pelo 3º Setor em diversas áreas, de modo a contribuir com a superação e/ou contraposição às forças historicamente hegemônicas e determinantes da sociedade.
Infelizmente a inércia a essa solução é grande, e exemplo disso foi o processo de aprovação do desempoderado estatuto da igualdade racial...

Por José Evaristo S. Netto

Fortalecimento de conferências nacionais depende de legislação, avalia Ipea


A avaliação consta da publicação Brasil em Desenvolvimento: Estado, Planejamento e Políticas Públicas, divulgada hoje (15) pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea). O documento contabilizou a criação de 11 conselhos (formados por representantes da sociedade civil e do governo) nos anos pesquisados, totalizando 40 conselhos, em janeiro de 2007, e a realização de 43 conferências - sendo 16 inéditas.
Como desafio à manutenção dessas instâncias, principalmente das conferências, que já mobilizaram mais de 2 milhões de pessoas e se tornaram símbolo da “democracia participativa” no país, o Ipea afirma que são necessários marcos legais que permitam a realização periódica desses eventos, com a garantia de recursos, e de procedimentos para acompanhar o cumprimento das decisões tomadas coletivamente.
Segundo o estudo, a capacidade de transformar as decisões em deliberações está ligada ao vínculo da conferência com marcos legais, mesmo que isso não garanta a aplicação de todas as decisões. Assim, as conferências regulamentadas por lei, como a de Saúde e a de Assistência Social, “têm mais força”.
De 38 conferências estudadas, apenas 11 fizeram deliberações, obrigando o cumprimento pelo governo federal. As demais construíram decisões consultivas ou propositivas, indicando as reivindicações dos participantes. “As conferências têm potencial de se transformar em espaço público forte se suas deliberações encontrarem formas de se vincular ao processo decisório, o que não acontece em grande escala”, diz o documento.
Outro problema destacado é a sobreposição de decisões tomadas pelas várias conferências e até mesmo de posições antagônicas, que poderiam ser resolvidas com uma coordenação horizontal das reuniões, articulada no âmbito da Presidência da República. A publicação relata o fato de uma conferência reivindicar, por exemplo, ampliação do uso do solo nas cidades e outra cobrar mais preservação ambiental em áreas urbanas.
por: Lílian Beraldo - Agência Brasil

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Lula adia Confêrencia de comunicação para meados de dezembro


Decreto de convocação será publicado no Diário Oficial na próxima semana.


Abertura da conferência será dia 14 e plenárias ocorrerão entre os dias 15 e 17
Brasília – O governo decidiu transferir para 14 a 17 de dezembro a realização da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom). A nova data foi definida para compatibilizar a agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Como ele viaja para o exterior no início de dezembro, não poderia participar do evento, convocado inicialmente por ele mesmo para 1º a 3 de dezembro.
A decisão de transferir a data da conferência foi definida pelo presidente em reunião com os ministros Hélio Costa (Comunicações), Franklin Martins (Secom) e Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência) na tarde de quarta-feira. O anúncio foi confirmado pelo presidente da comissão organizadora nacional da 1ª Confecom, Marcelo Bechara, na manhã desta sexta-feira, 9 de outubro. O decreto de convocação deve ser publicado no Diário Oficial da União na próxima semana.
De acordo com Bechara, como foi o presidente quem convocou, ainda em abril, a conferência, somente ele pode abrir o evento. “É desejo do presidente Lula participar da abertura da conferência de comunicação, a primeira a ser realizada na história do país. É natural que ele possa adequar sua agenda para participar da abertura, que acontece no dia 14 de dezembro”, justificou o consultor jurídico do Ministério das Comunicações.
O presidente já sancionou o Projeto de Lei 27/09, liberando R$ 6,5 milhões para a conferência. A medida recompõe os recursos previstos inicialmente no orçamento do Ministério das Comunicações para a realização do evento. O governo vai investir R$ 8,2 milhões para trazer 1.664 delegados de todos os estados brasileiros para participar das discussões plenárias.
O tema da 1ª Conferência Nacional de Comunicação é “Comunicação: meios para construção de direitos e de cidadania na era digital”. O encontro será realizado no Centro de Eventos e Convenções Brasil 21, no centro da capital federal, a 8 km do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek.
A partir da próxima semana, Hélio Costa, Franklin Martins e Luiz Dulci realizarão reuniões periódicas para acertar o encaminhamento de eventuais problemas a fim de cumprir a convocação do presidente Lula.
Ascom/Ministério das Comunicações

Problematica em Pesquisas no Campo da Saúde Coletiva - 2

A importância da Variável Etnia/Cor

Por: José Evaristo Silvério Neto
(Publicado na mídia afropress - 13/9/2009)

Este artigo segue em continuidade ao anteriormente publicado com o título ‘Um Fator Social de Impacto na Saúde Coletiva’. O objetivo do anterior foi discutir, mesmo que de forma limitada, sobre importantes fragilidades das intervenções em programas de políticas públicas que têm como objetivo aumentar a Qualidade de Vida e Saúde Positiva, e que não levam em consideração as particularidades e desigualdades étnicas e raciais. Ainda, foi discutido alguns conceitos teóricos que podem dar suporte à explicação de algumas váriaveis de confundimento na análise da Qualidade de Vida da população.

Estas variáveis estariam relacionadas ao atendimento das necessidades psicológicas indivíduais e inatas aos indivíduos, explicadas pelas Teorias Sócio Cognitivas¹. No presente artigo, pretendo focar atenção em alguns estudos publicados em importântes periódicos da área de conhecimento da Saúde Pública, que demonstram a importância do recorte étnico e racial para a análise da Saúde em dimensão epidemiológica, e para a elaboração de programas de intervenções que sejam eficazes.

A supervalorização da dimensão biológica no entendimento dos processos de saúde positiva e negativa configura-se em um grande fator limitante para a explicação dos processos de agravo à Saúde, uma vez que não é considerado outros fatores, como os de órdem histórica, econômica, e psicossocial³. Quando é considerado a dimensão social, um segundo problema evidenciado nos estudos publicados se traduz na supervalorização dos aspectos sócio-econômicos em detrimento de outros de igual importância, como por exemplo a variável ‘etnia/cor’, principalmente se considerarmos a literatura brasileira³. Um trabalho publicado por Coimbra Jr. e Santos discute que “vivenciar situações de discriminação pode ser, por si, um elemento desencadeador de doenças” (p. 128)². Este mesmo trabalho elucida um ponto fundamental, uma vez que trabalha com a idéia de que a exclusão, marginalidade e discriminação vividas pelas populações históricamente discriminadas (o trabalho se apoia principalmente nas populações indígenas), resultam em uma situação de maior vulnerabilidade da saúde daquela população.

Apesar do quadro problemático, é crescente o interesse de pesquisadores em investigar as relações entre a variável etnia/cor e saúde, em especial a saúde da população negra. Este fenômeno é relacionado ao fato do movimento negro ter, e estar, ganhando importância em espaços de poder, dentre os quais instituições intergovernamentais como a ONU (Organização das Nações Unidas), UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), e a OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde), e outras de naturezas diferentes3.

Faz se importante, uma vez que a tendência é o aumento do número de pesquisas que irão contemplar a análise da influência da etnia/cor em saúde coletiva, a redução do abismo entre pesquisadores e ativistas/militantes do movimento negro, para a formatação de adequados delineamentos experimentais e estratégias para a superação de problemas metodológicos e conceituais de investigação (erros do tipo I e II). Um exemplo desta limitação pode ser encontrado em pesquisas4 que utilizam classificações étnico/raciais através dos termos ‘mulato’, ‘moreno’, sendo que no campo político-socio-ideológico estes termos são colocados em xeque por setores do movimento negro.

Estas classificações e outras complicações como, por exemplo, a diferenciação entre ‘mulato’ e ‘negro’, ou ‘pardo’ e ‘negro’, entre outras que são localizadas em estudos publicados na literatura acadêmica, alteram de forma importante os resultados das análises estatísticas e, por conseguinte, prejudicam o entendimento da relação entre as desigualdades raciais e os agravos à saúde.

Desta forma, é notória a importância de pesquisas que contemplem a complexidade das desigualdades raciais relacionadas à saúde coletiva. Porém, os pesquisadores devem estar próximos aos movimentos sociais, em especial setores do movimento negro, para que haja acurácia na construção de delineamentos de estudos e estratégias de intervenção, de modo a produzir resultados fidedignos e, de fato, contribuir para o entendimento dos processos de saúde e doença em caráter epidemiológico.

O título original do artigo é "Ensaio sobre a Importância de Análises da Influência da variável Etnia/Cor em Saúde Coletiva"

Referências:

¹ Bandura, A. Social Cognitive Theory: an angentic perspective. Annual Review of Psychology. 2001; 52: 1-26.

² Coimbra Jr., C. E. A.; Santos, R. V. Saúde, minorias e desigualdade: algumas teias de inter-relações, com ênfase nos povos indígenas no Brasil. Ciência e Saúde Coletiva. 2000; 5(1): 125-132.

³ Chor Maio, M.; Monteiro, S.; Chor, D.; Faerstein, E.; Lopes, C. S. Cor/raça no estudo Pró-Saúde: resultados comparativos de dois métodos de autoclassificação no Rio de Janeiro, Brasil. Caderno de Saúde Pública. 2005; 21(1): 171-180, jan-fev.

4 Noronha, C. V.; Machado, E. P.; Tapparelli, G.; Cordeiro, T. R. F.; Laranjeira, D. H. P.; Santos, C. A. T. Violência, etnia e cor: um estudo dos diferenciais na região metropolitana de Salvador, Bahia, Brasil. Revista Panamericana de Salud Pública. 1999; 5(4/5): 269-277.

Adesivo “PSDB a favor do Brazil”


O encontro reuniu os pré-candidatos do PSDB à presidência da República, governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) em Natal.
Adesivos que grafavam a palavra “Brasil” com “z” foram distribuídos no dia 26 de setembro durante um seminário sobre educação que o PSDB promoveu em Natal.Os adesivos “PSDB a favor do Brazil” foram grudados nas camisas das pessoas logo na entrada do hotel Praia Mar, e apesar do esforço do pessoal da organização, que circulava o hotel pedindo para que elas retirassem o adesivo, no final do evento muita gente ainda estampava o erro. O encontro reuniu os pré-candidatos do PSDB à presidência da República, governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG), além de secretários de Educação, deputados federais e senadores do DEM e PSDB.
Veja o “esclarecimento” do PSDB sobre o erro de grafia nos adesivos. Segundo ele, os adesivos foram feitos no interior do estado, por isso o erro. Ou seja, os cidadãos potiguares são ignorantes!! Taí a a grande justificativa.
Eles resolveram “sair do armário” e assumiram sua postura de tornar o Brasil uma neo-colônia.
Vejam como os caras pensam o Brasil. Se fosse o Lula teriam caindo matando, com direito a materia no jornal nacional.

MV Bill ganha na categoria Rap - VMB 2009


A concorrência era acirrada pelo prêmio de Melhor Artista de Rap no Video Music Brasil 2009, maior premiação da música brasileira, promovido pela MTV, pois entre as indicações existiam dois grupos em plena ascensão no cenário, Emicida e Kamau, além de Relatos da Invasão e RZO.
MV Bill não levou somente pela experiência, quem teve a oportunidade de conferir o videoclipe O Bonde não Pára, escrito e dirigido pelo próprio Bill, pôde observar uma produção de alto nível mantendo o padrão de qualidade característico de seus trabalhos.
É certo que a cada ano os artistas independentes estão ocupando mais espaço nas indicações, e desta vez não foi diferente, com muitas categorias apresentando um ou mais artistas ou selos independentes , vale a pena conferir.

MV Bill foi o vencedor na categoria Rap deste ano. Ele subiu ao palco do VMB Antes para receber seu prêmio e cantar mas, antes, ali nos bastidores, bateu um papo com a gente e contou como foi. Veja!
Como foi receber este prêmio?
Ganhar esse prêmio, antes de tudo, foi receber um susto, literalmente falando. Eu fui pego no aeroporto quando eu estava chegando aqui em São Paulo para fazer show e a Marina Person me deu o maior sustão. Mas foi muito bom poder ter recebido a indicação da MTV e receber os votos do público e queria agradecer as pessoas, que votaram e me ajudaram a construir a carreira que eu tenho hoje.
E o que você achou dos outros indicados?
Os outros indicados também são todos merecedores, porque são grupos bons, todos têm muito talento. Numa premiação sempre ficam faltando grandes nomes de outros estados que também fazem um trabalho bom, mas eu vejo essa volta do Rap ao VMB como uma retomada de um diálogo que a MTV sempre teve com o hip hop brasileiro. Eu torço para que esteja num caminho de volta, este ano foi uma vitória coletiva.

Você gostou dessa nova divisão das categorias?
Acho que assim como no rock tem categorias segmentadas como rock alternativo, hardcore e tudo o mais, acho que, no futuro, com o hip hop vai ser possível fazer isso também. Mas só de ter o hip hop de volta, com espaço para tocar, já é um começo.
Agora, você está atuando num filme e trabalhando num novo disco. Queria que falasse mais sobre os novos trabalhos.
Eu estou com vários novos trabalhos, na verdade. Tem o filme da Sandra Werneck, o "Sonhos Roubados", que teve a pré-estreia no Rio, em breve vai estar em circuito nacional, continuo trabalhando na divulgação do meu DVD atual chamado "Despacho Urbano", que tem toda a minha videografia, num set musical que mistura rap com rock, e tem os preparativos para finalização do meu próximo álbum, chamado "Causa e Efeito", que tem a música "O Bonde não Para", que já está em vários lugares, e com clipe na casa. Aliás, o clipe é minha estreia como roteirista e diretor.
E você levou sua família para o elenco deste clipe, né?
Foi exatamente neste clipe, que além de roteirizar e dirigir, eu fiz uma coisa familiar. Botei pai, mãe, irmã, sobrinhos e apesar de ter tido um resultado que as pessoas estão elogiando bastante, foi bom fazer porque teve uma pós-videoclipe, onde eu consegui reunir a família e deixar todo mundo mais próximo.

fonte:mtv

Movimento Negro chama I Grande Conferência de Cultura e Comunicação no DF


Dia 10 de outubro entrará para a história.
Será realizada a I Conferência Livre, conjugada, de Cultura e Comunicação, especificamente para discutir demandas da população negra. Neste momento, em que estamos caminhando para a I Conferência Nacional de Comunicação e para a II Conferência Nacional de Cultura, a população negra, entidades, coletivos, artistas, artivistas e militantes do Distrito Federal irão se reunir para discutir, elaborar e encaminhar propostas para o futuro da comunicação e da cultura no país.
Unir as conferências livres de cultura e comunicação não poderia ser mais oportuno, já que o tema da Confecom será Democratização da Comunicação, o que muito tem a ver com a circulação ou não da cultura negra. Por isso, no dia 10 de outubro, a partir das 8h no Instituto Praia Verde, o encontro está marcado.
É fundamental a participação de todas e todos. Você acha que a maneira como a mídia trata e constrói, diariamente, a imagem e identidade de negras e negros precisa mudar? Você acha que a mídia brasileira é racista? Você quer ver a cultura negra inclusa e respeitada, sem folclorização, e com políticas públicas específicas? Por isso é que temos que participar das conferências. E não é conversa só para jornalista, artista ou intelectual não gente! Essas mudanças têm a ver com todxs nós!
Na programação, que dura o dia todo, está previsto almoço com grande Roda Cultural e espaço para exposição, feira preta, sarau, dança, música, performances, improviso. Traga seu trabalho, exponha, troque, poeme-se, venda, compre, espalhe, promova, valorize a cultura negra. Vamos ser protagonistas!
Entre as entidades/instituições organizadoras da conferência estão o Fórum de Mulheres Negras do DF, Movimento Negro Unificado, Griô Produções, Fórum de Entidades Negras e Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial-DF.

O quê? Grande Conferência Livre – Comunicação e Cultura Negra do DF
Quando? 10 de outubro, das 8h às 18h com almoço, GOG CoMvida para Grande Roda Cultural e espaço para afronegócios.
Mais informações: grioproducoes@gmail.com

Engenheiro é preso acusado de racismo em São Paulo

Um engenheiro de 59 anos foi preso ontem (06/10) em flagrante, acusado de ofender com frases racistas o segurança de uma escola de ensino infantil na zona sul de São Paulo.
Alexandre Semenoff, morador do Campo Belo, foi indiciado sob suspeita de injúria racial, cuja pena varia de um a três anos de reclusão. O engenheiro passaria a noite na cadeia. Ele tentará obter hoje na Justiça liberdade provisória.
Segundo o segurança Délcio Gonçalves, 53, e duas testemunhas que o acompanharam até a delegacia, Semenoff começou a xingar funcionários da escola particular Núcleo Querubim no final da manhã de ontem. O engenheiro é vizinho do colégio e frequentemente reclama do barulho das crianças.
Minutos depois, Semenoff saiu para passear com seu cão e passou em frente à escola. "Aí ele xingou de novo. Perguntei qual era o problema e ele disse: "Sai daqui porque com preto eu não converso'", disse o segurança, segundo o qual ofensas do engenheiro são frequentes.
Funcionários da escola chamaram a polícia. O soldado Daniel Gonzaga Costa, 37, negro, formado em letras, pós-graduando de história da África e conhecedor da legislação sobre racismo, resolveu levar Semenoff à delegacia.
"É lamentável que em pleno século 21 ainda ocorra esse tipo de situação", afirmou Costa.O advogado do engenheiro, Leonardo Watermann, disse que, segundo seu cliente, "foi tudo um mal-entendido".

Flagrante raro

Ex-secretário da Justiça de São Paulo e coordenador da ONG Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades, Hedio Silva Jr. diz que flagrantes de casos de racismo são muito raros. "A polícia agiu bem", afirmou ele.
Como o caso de ontem é de crime de injúria racial --e não de crime de racismo, que envolve, por exemplo, deixar de contratar ou despedir alguém por causa de sua cor--, cabe agora ao segurança decidir se abre ações criminal e civil contra o acusado.

IBGE: maioria da população se considera parda ou negra



PNAD 2008 apontou que, no ano passado, pela primeira vez, mais da metade da população brasileira - 50,6% dos habitantes, ante 50% em 2007 - se declarou parda ou negra. Mas, com uma peculiaridade: na pesquisa, a participação das populações negra e branca no total de brasileiros recuou, enquanto as de mestiços e outros (que abrange amarelos e indígenas) cresceu.

Em 2007, o número de negros tinha crescido em comparação com 2006, em movimento atribuído por especialistas às políticas de ações afirmativas,como reservas de vagas em universidades públicas para afrodescendentes. Este ano, contudo, a curva se inverteu, embora o crescimento dos pardos tenha persistido - o grupo também é, em geral, beneficiado pelos mesmos instrumentos que os negros.

A sondagem apontou que, em 2007, 42,5% dos brasileiros se diziam pardos, porcentual que subiu para 43,8% em 2008. Os negros, contudo, reduziram sua participação na população nacional de 7,5% para 6,8%. Houve ainda crescimento dos entrevistados que classificaram sua condição étnica como "outra" - que passaram de 0,8% para 0,9% dos habitantes do Brasil. Já os que se dizem brancos reduziram sua presença na população - em tendência já observada em pesquisas anteriores - de 49,2% para 48,4%.

"O que vínhamos detectando é que cada vez mais brancos começavam a se declarar pardos, porque aumentava a consciência do seu pertencimento; as últimas PNADs já refletiam esse aumento", disse o pesquisador Renato Ferreira, do Laboratório de Políticas Públicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). "Agora, o fato de negros se declararem pardos não costumava acontecer. Esse indicador nunca acelerou muito. A oscilação apontada (entre os que se dizem negros) não é tão grande. Pode ser alguma coisa estatística. O que continua valendo é que está aumentando a consciência das pessoas."

Somente a Região Centro-Oeste registrou queda na proporção de pessoas que se dizem pardas, de 2007 para 2008, de 50,9% para 50,2% (0,7 ponto porcentual a menos). Nas demais, houve crescimento. A Norte foi a região onde a expansão foi maior, de 68,3% para 71%, salto de 2,7 pontos porcentuais. Em seguida, veio o Sudeste, com aumento de 2 pontos porcentuais, de 32,4% para 34,4%. Mesmo o Sul, onde predominam descendentes de imigrantes de origem europeia, sobretudo alemã e italiana, registrou aumento de pardos, de 16,4% para 17%, 0,6 ponto porcentual.